Pois é, temos uma Maria da Graça a caminho! Quando descobrimos, um dia antes do João fazer anos, ficámos felizes para além do que as bochechas nos permitiam e, sinceramente, eu continuei a olhar para o teste durante o dia todo, só para confirmar se era mesmo verdade. Olhei e olhei até o sinal desaparecer (o que acontece ao fim de 24 horas).
O teste foi descartável (a MeetLia ainda não está disponível no mercado, senão teria sido a nossa opção – hurry up guys!) mas, a partir do momento em que soubemos que íamos ser pais, percebemos que não podíamos deixar para o nosso bebé (que na altura ainda era “o/a bebé) um futuro descartável. E que íamos ser rigorosos nisto.
Começou logo pelo momento em que decidimos contar à família. Já tínhamos vindo a comprar fraldas reutilizáveis quando as apanhávamos em bom estado (e a bom preço) no OLX (depois falaremos de fraldas reutilizáveis ao pormenor, vale malta?). Casámos em Maio, ambos queríamos muito ser pais, mas sabíamos (achávamos) que tínhamos tempo e nem sequer sabíamos se íamos ter filhos naturalmente (quem tem SOP compreende-me certamente) ou se iríamos adotar apenas (adotar estava e está nos planos, independentemente de conseguirmos ou não ter filhos biológicos), mas já estávamos a colecionar fraldas! Na pior das hipóteses, daríamos a amigos que tivessem filhos num futuro próximo. Ora, para contar à família, chamámos todos para um lanche em nossa casa (era Domingo, o João fazia anos no dia a seguir e alegámos que era mais simples comemorar no Domingo, para ver se não desconfiavam de nada). Antes de chegarem, embrulhámos uma fralda reutilizável para cada um (com restos de jornais e embrulhos do Natal) e, depois de uma boa hora a comer e conversar, dissemos que tínhamos um presente para cada um. Que tinham que abrir todos ao mesmo tempo e que iam ter de aprender a usar.
O meu pai achou que estávamos a dizer que estava velho e a precisar de fraldas. A minha cunhada pensou “mas o Manel já não usa este tamanho” e só quando a mãe do João disse “AH!!! NÃO ACREDITO!” é que começou a histeria geral. Mais um bebé na família!
Avançámos logo o nome que tínhamos já decidido caso fosse rapaz ou rapariga (sim, somos muito decididos!). Estava lá a minha avó, Maria da Graça, que ficou muito feliz por saber que, se fosse bisavó de uma bisneta, teria o seu nome. Secretamente, acho que a partir daí tive os meus avós a rezar para que fosse rapariga, embora quase toda a gente palpitasse que seria um rapaz.
Também ficou bem claro no anúncio que filhos nossos iriam utilizar fraldas de pano e, entre piadas e “os teus irmãos também foram de pano e tudo se fez – sem máquina de secar!”, até se habituaram rapidamente à ideia. Como eu e o João somos uns chatos, avisámos logo as avós que não havia compras para o/a futuro/a neto/a. Esta ideia já foi mais difícil de entrar…
“Então mas não pode ter nada novo?”, “Bolas, que ditadores”, “Que tu tinhas mau feitio já nós sabíamos…”. Fomos ouvindo e fomos deixando de ouvir. Claro que, meses mais tarde, as avós já se “portaram mal” e foram comprando um babygrow aqui, uma chuchinha ali… mas vá que não se excederam (ou, pelo menos, se o fizeram, não nos contaram!).
Posso adiantar que vou fazer um post completo com o que compramos, onde compramos e como fazemos algumas trocas a pensar na sustentabilidade do planeta que queremos deixar para a Gracinha. Para já, deixo-vos as três premissas que decidimos entre os dois:
– Nenhum bebé PRECISA de coisas novas. Vamos procurar tudo o que conseguirmos em segunda mão (amigos, família, OLX, Babyloop, Kid2Kid). A única excepção é a cadeirinha do carro que, por questões de segurança, não convém ser comprada em segunda mão (perde a capacidade de amortecer impactos, se já tiver sofrido algum – e nunca sabemos se já sofreu ou não, se não for nossa).
– As únicas duas coisas que vêm antes da sustentabilidade, no que diz respeito a criar e educar a Gracinha (falando de bens materiais, compráveis) são a Saúde e a Segurança. Nos utensílios que a ambas as questões digam respeito, a ordem de pensamento vai ser “o que funciona melhor”.
– Queremos ter filhos para os criar e acompanhar. É fácil no ritmo louco da vida pessoal e profissional, acharmos que estamos condicionados a horários que não nos permitem passar tempo de qualidade com os filhos. Ainda nem os temos e já percebemos isto. Mas tomámos a decisão de “fazer tempo” para a família. Se um ou outro estiver mais esquecido por momentos, vamos alertá-lo. Porque a vida tem horários frenéticos, mas TODOS os pais à nossa volta nos dizem que os filhos crescem rápido demais. E esses anos ninguém nos vai tirar. E isto é importante para nós, a título da sustentabilidade, porque as crianças imitam os pais. Ao sermos pais e construirmos uma família, estamos a construir humanidade. Sabemos que à nossa volta, mesmo no nosso círculo próximo, há quem discorde (ou ache demasiado extremista, vá) do estilo de vida que levamos. Portanto, temos a responsabilidade acrescida de darmos o exemplo constante aos nossos filhos, para os educarmos segundo aquilo em que acreditamos os dois. E isso só será possível se estivermos presentes.
Só isto. Estes três princípios vão reger as nossas escolhas. De fraldas, de cremes, de roupa…
Stay tuned, que prometo ir partilhando tudo o que for pertinente!