“Então e como fazes com os sacos do lixo, ou com os sacos para os cocós dos cães?”
É uma das perguntas que mais me fazem. Se não utilizo plástico de utilização única, como resolvo o “problema do lixo”?
Deixem-me começar por dizer que, supostamente, é obrigatório utilizar sacos de lixo para colocar o nosso lixo nos contentores. O que já vi milhares de vezes foram sacos a abrir e rasgar na altura em que são colocados nos camiões de lixo. Para embalagens que vão para o contentor azul, verde ou amarelo não vejo mesmo a necessidade de usar sacos. Não são propriamente resíduos “sujos” como o lixo orgânico. Para lixo orgânico, apenas escolho não utilizar sacos porque os contentores perto de minha casa são subterrâneos. Se tivesse de colocar o lixo no contentor “normal” do prédio, obviamente colocaria com sacos de plástico, porque não me faz sentido comprometer a higiene do contentor com resíduos que o iriam deixar muito sujos, atraindo bichos e causando cheiros desagradáveis no prédio.
Abaixo deixo algumas opções para quem quer arranjar alternativas para o saco do lixo:
Não colocar saco
Se tiverem caixotes grandes de plástico em vossas casas, há uma regra de bom senso que impera: porque raio precisam de colocar um saco do lixo? Porque não levar o lixo ao ecoponto, despejar e depois lavar o balde? É o que fazemos cá por casa. Só há uma questão à qual têm de estar atentos: não despejem o vosso lixo diretamente nos contentores verdes dos prédios, porque esses não costumam ser lavados com regularidade e depois ficam a deitar cheiros e atrair bichos nos prédios, como referi no início do post.
Compostagem
Compostar é a opção mais “Zero Waste” possível. Nada se estraga. E pode ser feita dentro de casa também. Mas como a compostagem é todo um tema em si, em breve faço post sobre o assunto! Se não fazem compostagem, espreitem neste post a aplicação ShareWaste.
Reutilizar sacos
Durante muito tempo “acumularam-se” sacos de plástico dos supermercados em casa dos meus pais. Por isso, a cada visita que fazíamos a casa deles, inundavam-nos de sacos. Irrita-me profundamente o consumo destes sacos, mas irrita-me ainda mais serem só “deixados” ao abandono. Não me lembro alguma vez de se comprarem sacos específicos para o lixo em minha casa (deve ter havido alturas em que o fazíamos, mas não me recordo). Sempre reutilizámos os do supermercado. É um bom primeiro passo. Não é suficiente, mas se ainda tiverem sacos antigos do supermercado, comecem por utilizá-los para o lixo. E depois não comprem mais!
Nota: ainda que não compremos sacos, é inevitável chegarem-nos sacos de plástico cá a casa (porque os pais vieram e trouxeram alguma coisa num saco, porque um amigo ofereceu um presente noutro saco. Acho inevitável aparecerem 1 ou 2 sacos por mês nas nossas casas, nos tempos de hoje – talvez no futuro seja possível! Enquanto isto acontecer, sugiro utilizarem esses sacos (se conseguirem reutilizá-los mais vezes de outra maneira, façam-no!).
Sacos compostáveis / biodegradáveis
Se precisam mesmo de um saco no caixote do lixo (porque a única opção que têm onde despejar o lixo é o caixote “do prédio”, por exemplo), saibam que existem sacos compostáveis ou sacos biodegradáveis (são coisas diferentes!). Existem em vários tamanhos, quer para os caixotes do lixo, quer para os cocós dos animais de companhia.
ATENÇÃO: estes sacos, por muito bons que sejam, necessitam de ar para se deteriorarem efetivamente, o que não acontece em aterro. Ou seja, na prática são sacos que vão ficar na mesma em aterro. A única vantagem que vejo que tenham é que, quando se decompõem, não deitam os polímeros que os plásticos deitam para os solos.
Jornal ou “sobras”
Podem fazer um “saco do lixo” com folhas de jornal – vejam aqui como – embora possa não ser super prático para resíduos com mais água. No entanto, o papel tem sido o nosso aliado para apanhar os “presentes” da nossa Chiara.
A maneira como temos resolvido o problema de apanhar os “presentes” da nossa Chiara tem sido muito simples: vai o que há! Embora tentemos não fazer lixo, há sempre papeis, um invólucro de qualquer coisa que tínhamos cá, uma publicidade que deixaram no pára-brisas do carro, papéis/plásticos que estavam no escritório e iam para o lixo (isto porque, onde quer que trabalhem, vai sempre haver lixo – porque não aproveitar para utilizar mais uma vez estes “restos”?). Em relação aos dejetos (quaisquer dejetos – humanos ou animais), estes não devem ser colocados no lixo, porque podem contaminar os aterros (sim, as fraldas dos bebés não deviam ir com cocós para o lixo). Portanto, se tiverem oportunidade, deitem os dejetos… na sanita, pois claro! Não é assim tão estranho, se pensarem bem nisso. Assim como assim já vão ter de os apanhar, portanto basta chegar a casa e deitar na sanita. São só restos de digestão, malta, não paniquem!
Nota: os dejetos de gatos não podem ser colocados na sanita, porque não são tratados eficientemente pelas ETARs.
Poop Graber
Sinceramente, desconhecia isto até fazer a minha pesquisa para este post. Acho que isso é indicativo da utilidade que tem… uma das coisas importantes nesta filosofia “zero waste” é tentar arranjar ferramentas que sirvam vários propósitos. De qualquer modo, isto pode ser uma excelente ideia para alguém que se reveja mais neste tipo de instrumento, que é muito prático, sem dúvida nenhuma. É tipo uma mistura entre pinça e balde, onde apanham o cocó dos cães e fica preso na “garra” do instrumento. Chegam a casa, abrem a pinça e toca a colocar na sanita. Vão lavando a pinça, vale?
Uma pá e um balde
A vida é bem menos complicada do que fazemos dela… Têm cães, querem apanhar os cocós e deitar na sanita? Arranjem uma pá e um balde que sirvam APENAS para este efeito. Apanham com a pá, põem no balde e… deitam na sanita os dejetos. Depois lava-se tudo e pronto! Se os vizinhos olharem para vocês de lado, sempre é um bom pretexto para explicarem porque o fazem e ensinarem alguma coisa a alguém (é que a maioria das pessoas não sabe que não é suposto colocar dejetos no lixo…).