Quem Vê Marcas, Vê Corações #4 — Shaeco

• Como se chama?

Vera Maia.

• Conte-nos um pouco da vossa história até à criação da Shaeco.

Nos últimos anos, principalmente desde que fui mãe, procurei implementar alternativas mais sustentáveis no meu dia a dia. Desde recusar produtos em plástico (ou que são oferta, sem uso provável), à utilização de sacos próprios nas compras, à redução do consumo (principalmente na aquisição de roupa, o que para mim seria impossível há uns anos, dado que trabalhei no segmento da moda), entre outros. Durante este processo de procura por produtos alternativos, encontrei o champô sólido, mas, depois de experimentar vários, nunca fiquei totalmente satisfeita com o resultado.

Por outro lado, sempre tive vontade de ter uma marca própria e de vender através dos canais digitais. No entanto, não queria que fosse apenas mais um produto que apelasse ao consumo; procurava algo que acrescentasse valor no mercado e que ajudasse os clientes a fazerem pequenas mudanças no seu dia-a-dia, como aquelas que eu e a minha equipa temos vindo a fazer. Este foi sempre um projeto de equipa, porque todos acreditamos na missão da Shaeco.

A Shaeco nasceu em 2018 e veio a público em 2020. Foram 18 meses de pesquisa de mercado, negociação de fornecedores, registo de marca, entre outros.

• Qual o significado do nome?

É  junção entre Champô e Ecologia.

• Onde é localizada a vossa sede?

Em Viana do Castelo.

• Quantos trabalhadores tem a empresa?

3.

• Onde encontram os ingredientes com que trabalham?

Desenvolvemos fórmulas em conjunto com os nossos fornecedores. Damos preferência a ingredientes nacionais mas nem sempre é possível.

Os nossos champôs sólidos são desenvolvidos com ingredientes seguros e vegan, não contém parabenos; em alternativa ao SLS, o nosso champô contém DSL, que limpa e purifica o cabelo. Temos champôs para cabelos secos, oleosos e normais. Não usamos plástico na embalagem e utilizamos o mínimo papel possível. O nosso papel é reciclado e reciclável. Ao usar os nossos champôs sólidos está a evitar que cerca de três embalagens de plástico vão parar ao oceano ou ao lixo.

Até ao momento, temos visto que a preocupação dos consumidores está a aumentar. Recebemos diariamente muitas mensagens a darem-nos os parabéns pela criação da marca e pelo nosso esforço de reduzir o nosso impacto no planeta.

Felizmente temos sido muito bem recebidos no mercado nacional, o que demonstra a preocupação na mudança por parte dos clientes portugueses.

• E onde são produzidos os vossos produtos?

Procuramos uma produção 100% nacional em todos os nossos produtos e alcançamos os nossos objetivos. Grande parte dos produtos são produzidos na zona norte de Portugal, nomeadamente, em Viana do Castelo.

Além de darmos preferência à produção nacional, também damos preferência a matérias-primas feitas no nosso país, como no caso das nossas saboneteiras. A cortiça é produzida em Portugal e reaproveitada para fazer as nossas peças. No caso dos cosméticos, infelizmente ainda não é possível obter todos os ingredientes necessários localmente. Neste caso, é necessário recorrer à importação dos mesmos. No entanto, a produção é toda no nosso país.

Os ingredientes a serem utilizados nas nossas fórmulas são selecionados a partir de um conjunto de critérios de qualidade e desempenho, tanto em termos cosméticos como ambientais. Queremos ser amigos do ambiente, mas termos um produto que também lave bem o cabelo e tenha um bom resultado. Caso contrário, não representaria uma alternativa viável para os consumidores de champô líquido.

É um desafio comprar matérias-primas e produzir em Portugal porque os preços são mais elevados. 

• Qual diria ser o top 3 de cuidados a ter com os champôs sólidos para que durem o máximo de tempo possível com a mesma qualidade?  

Armazenar num local seco, transportar em caixas próprias e molhar primeiro o cabelo e depois passar a barra diretamente para fazer espuma rapidamente e não colocarem demasiado produto.

• Quais são para vocês as 3 vantagens que existem em utilizar produtos cosméticos sólidos? 

Redução do plástico descartável, poupança de água e utilização de produtos que contém ingredientes saudáveis para nós e para o planeta.

Os produtos eco-friendly são produtos que reduzem o impacto ambiental. No nosso caso, os produtos são sólidos, utilizando menos água na sua produção. O champô utiliza menos cerca de 70% de água em relação a um champô líquido tradicional. Só isto já é uma grande vantagem porque, além de pouparmos água, também reduzimos o espaço e o peso do transporte, o que representa uma poupança de combustível. Por outro lado, os produtos eco-friendly também utilizam o mínimo de elementos possível na embalagem, como é o nosso caso. Eliminamos tudo o que é supérfluo, puramente decorativos e totalmente desnecessário. Infelizmente, ainda não é possível enviar produtos cosméticos a nu sem comprometer a qualidade, higiene e segurança do produto.

Com todas estas medidas, conseguimos poupar recursos e evitar que plásticos e microplásticos vão parar ao mar, além de produzirmos menos lixo.        

• O que vos motiva a continuar?

Saber que estamos a fazer a diferença nas gerações futuras.

• Que aspirações futuras têm para a marca?

Tornar-se uma marca de cosméticos sólidos que é produzida e vendida de Portugal para o Mundo.

• Qual o impacto que gostariam de deixar?

Acima de tudo, a nossa preocupação é deixar um planeta melhor do que aquele em que nos encontramos hoje. Queremos contribuir para um meio ambiente mais saudável e sustentável, e deixar um legado para as gerações futuras.

A sustentabilidade está na ordem do dia e cada vez mais preocupa os consumidores, o que acabou também por se tornar uma tendência. No entanto, nem sempre os produtos que parecem mais sustentáveis o são realmente. Por outro lado, a sustentabilidade pode ser alcançada de diversas formas e não precisamos de ser fundamentalistas. A Shaeco procura mudar algumas mentalidades: não precisamos todos de ser ativistas ambientais para fazer alguma mudança no nosso dia-a-dia. E é a quem está a começar a sua mudança que pretendemos apelar, com a entrega de um produto sustentável, mas com um ótimo desempenho.

Entre nós comentamos muitas vezes que é muito importante analisar todos os fatores para avaliar um produto e a sua sustentabilidade: desde a proximidade geográfica do fornecedor, à sua produção, quais as matérias-primas escolhidas e qual a origem. Também é importante compreender o efeito que têm no meio ambiente. E, infelizmente, nem tudo o que é bio ou orgânico é melhor para o planeta, porque obriga a exploração e transporte de recursos, os quais nem sempre são sustentáveis.