Mudámos de máquina de café recentemente. Tínhamos uma Dolce Gusto, na qual utilizávamos uma cápsula reutilizável da Waycap, mas andámos demasiado tempo às turras com a cápsula e o João nunca conseguiu encontrar o granulado/quantidade ideal para funcionar devidamente: o café ficava sempre muito líquido. Sei de quem conseguiu acertar e sei que a cápsula da Waycap para a Nespresso é bastante melhor, mas sendo o João um consumidor ávido de café (ele acha que Nespresso não é café, por exemplo… mania de quem fez cursos específicos sobre café e de quem leva muito a sério as arábicas e robustas desta vida), precisámos de encontrar uma solução que não o fizesse refilar todos os dias. Foi fácil: voltámos às máquinas de grão. Compramos o grão que queremos na Pérola do Chaimite, no Saldanha (levamos os recipientes e eles enchem), despejamos no compartimento da máquina destinado aos grãos e a máquina mói e faz o café automaticamente. Quando acaba, despeja as borras também automaticamente no compartimento lateral (e eu tiro as borras para fazer esfoliante e adubo! – já explico melhor). É ainda mais simples do que fazer café de cápsulas e sai mais barato! É que o café em grão comprado a granel, ainda que seja de (muito) melhor qualidade que o das cápsulas, acaba por sair mais barato, sabe-se lá porquê! Os nossos cafés em casa saem a menos de 0,10€/cada.
Tudo isto para dizer que agora uso as borras do café! Portanto a mudança para uma máquina automática não foi só boa para o João, que passou a beber café melhor. É que o café que ficava nas cápsulas estava sempre muito molhado (escorria água) e saía com um cheiro muito característico, pelo que não me atrevia a usar. Estas borras agora saem muito soltinhas e com aquele cheiro maravilhoso a café acabado de fazer (e eu nem gosto de café!). Tenho dois usos para as borras, como referi acima: esfoliante e adubo. Abaixo deixo como utilizo para cada caso.
Adubo: espalhar pouca quantidade em redor das plantas (orquídeas e Citrina) e muito ao de leve por cima da terra do Noocity. Atenção: o nitrogénio e a acidez presentes nas borras são boas para as plantas, mas a cafeína não necessariamente. Se colocarem borras a mais, todas juntas, compactam e impedem a penetração correta da água.
Esfoliante: por ser rico em antioxidantes que combatem o envelhecimento e promovem a firmeza da pele e ativação da circulação, o café dá um excelente esfoliante corporal! Tenho duas receitas diferentes, ambas adaptação das receitas que recebi no workshop de Cosmética Natural da Tutisfore, com ingredientes que fazem mais sentido para a minha pele. Deixo-vos abaixo:
Para o rosto: como tenho a pele muito sensível, com tendência acneica, não posso utilizar óleo de coco (é demasiado comedogénico para a minha pele). Assim, uso uma receita com óleo de jojoba (menos comedogénico – ainda assim, tenho de experimentar o de Rosa Mosqueta ou de Argão, que dizem ser melhor para pele acneica): 1/4 chávena (de chá) de borras de café, 1 colher de sobremesa de óleo de jojoba e 1 colher de chá de bicarbonato de sódio. A receita não é do workshop, foi uma adaptação que eu fiz para a minha pele. O bicarbonato de sódio ajuda porque é antibacteriano, antifúngico e antissético (aspetos muito importantes para uma pele que, como a minha, inflama à mais pequena borbulha!). Depois de exfoliar bem o rosto, costumo deixar uma “papa” na zona das olheiras durante uns minutos, porque o café também é conhecido por atenuar olheiras. Não tenho muitas olheiras portanto não posso garantir que funcione para toda a gente, mas gosto do “boost” que dá a esta zona da pele, que sendo tão fininha e sensível, reage muito bem a esta “pasta”.
Para o corpo: no corpo já não tenho a mesma tendência a inflamações que no rosto (ainda assim, tenho alguma – furúnculos são “amigos” recorrentes no meu corpo… e não são nada simpáticos). Por isso, estou mais à vontade com os óleos que coloco. Ainda assim, não adoro o óleo de coco. Sou fã incondicional do azeite para o corpo e uso desde muito novinha azeite para os pés (depois coloco umas meias e deixo atuar a noite toda). A receita que uso para o corpo é: 1/2 de chávena de borras de café e 1/4 de chávena de azeite. Fica um pouco mais “líquido” do que o de rosto, mas gosto muito porque sou preguiçosa e assim faço esfoliante e hidratante 2-em-1. Fico uns 10 minutos de volta da massagem com a mistura e depois salto para o banho e saem as borras e o azeite. A pele fica muito muito suave. Já experimentei com óleo de amêndoas doces, mas sai mais caro e, honestamente, não acho que a pele fique tão nutrida – é que o efeito do azeite continua a sentir-se depois do banho, o do óleo de amêndoas doces já não acho que se sinta tanto. Com óleo de argão deve ficar maravilhoso, mas vou à falência. Talvez experimente com óleo de grainha de uva, que me tem sido aplicado nas massagens que ando a fazer na Essence e que tem tido óptimos resultados.
Ainda assim, o melhor uso para as borras de café é um que ainda não experimentei: compostagem! É um dos meus grandes desafios pessoais, começar a compostar, mas vermicompostagem não é uma opção cá para casa (desmaio se vir um rastejante…) e não temos um jardim onde colocar um compostor. No entanto, uma vez que, no workshop que tive de compostagem da Tutisfore, foi referido que o café é excelente para acelerar a compostagem (cuidado só se fizerem vermicompostagem, porque as minhocas ficam todas malucas e começam a reproduzir-se exponencialmente), achei que vos deveria sugerir este uso também.