Falo da Lush por aqui tantas vezes, mas hoje vai ser de um modo especial. Vamos dar destaque exclusivo à marca nesta nossa série sobre marcas de cosmética mais responsáveis! Não temos nenhuma parceria e juro que não me pagam para ser tão fã mas… sou mesmo!
Porquê?
Espreitem abaixo todos os motivos, mas em suma: é uma marca preocupada com o Comércio Justo, a origem dos ingredientes, as comunidades que trabalham para os obter, embalamento, produtos duráveis e seguros.
– Existe uma enorme transparência da marca no que diz respeito aos ingredientes dos seus produtos. No site, em cada produto, a lista de ingredientes indica claramente se um ingrediente é de origem natural (a verde) ou se é um sintético seguro (a preto).
– Quando há necessidade de embalamento, a marca procura parceiros transparentes com boas práticas alinhadas com os seus princípios éticos. Um exemplo é a Monadnock Paper Mills, que fornece papel. Esta empresa é certificada FSC e todos os seus papéis são fabricados de modo carbonicamente neutro, com energia 100% renovável. Para garantir o alinhamento com os seus parceiros e fornecedores, a Lush reúne nas instalações dos mesmos, em todo o mundo, para garantir que os funcionários são tratados de acordo com as práticas de comércio justo.
– Uma vez que a Lush considera que a certificação de óleo de palma sustentável (RSPO) não é credível (algo com que não concordo, mas respeito a posição), a marca preferiu ir eliminando todo o óleo de palma dos seus produtos, tendo já conseguido remover cerca de 250 toneladas de óleo de palma. No entanto, ainda não conseguiu retirar este óleo de alguns sintéticos que dele derivam e comunicam esta sua falha com muita transparência (procurem no site por “óleo de palma”, para verem a lista completa).
– Através do fundo “SLush” (Sustainable Lush Fund), a marca vai para além do comércio justo e procura investir milhões de dólares em empréstimos (sem juros ou qualquer compensação) a agricultores e comunidades, para ajudar a regenerar os ecossistemas que produzem as matérias primas utilizadas.
– Mais de 30% dos produtos da marca são vendidos sem embalagem (os chamados produtos “Naked”). Todos os produtos que precisam de embalagem, como garrafas ou potes, são de plástico 100% pós-consumo ou plástico reciclado dos oceanos, através de uma parceria com a Ocean Legacy Foundation.
– Os produtos da Lush são unissexo.
Como sei que é importante para muitas das pessoas que me seguem, deixo umas notas sobre a política da marca relativamente a testes em animais:
– Lush é cruelty-free desde os anos 70, quando ainda não era proibido o teste de ingredientes e produtos cosméticos em animais, na Europa.
– Depois da legislação REACH (2006) entrar em vigor, obrigando a que todos os ingredientes sintéticos utilizados na Europa voltassem a ser testados (em animais), a Lush quis fazer mais do que pressionar com legislação e criou o Lush Prize, com o objetivo de encontrar uma solução que tornasse o teste em animais inútil ou obsoleto. Através do Lush Prize, a marca já doou mais de 2 milhões de dólares a mais de 76 vencedores em 26 países
– Hilary Jones (Diretora de Ética da Lush), foi durante a maior parte da sua vida, ativista dos direitos dos animais a tempo inteiro, pressionando o parlamento britânico a impedir o teste em animais. Esteve mesmo entre os ativistas que ajudaram a criar a “Cosmetics Directive Bill”, que foi aprovada em 2013 (quando a indústria afirmou já existirem opções seguras para testes cosméticos que não envolvessem animais) e que pedia para não se testar produtos cosméticos em animais na Europa nem permitir, na Europa, a comercialização de produtos que tenham sido testados em animais fora da Europa.
Permitam-me acrescentar ainda aquilo que mais adoro na marca: não se deixam cair em modinhas da “sustentabilidade”. Não entram na guerra do “natural vs. Sintético” (já nem consigo escrever a palavra químico, de quase sentir que é vista como o Voldemort da cosmética).
A preocupação da marca com a sustentabilidade dos produtos não leva desinformação, mesmo num mundo em que a concorrência o faz. As escolhas são baseadas em ciência e não em modas publicitárias. Não dizem que todos os sintéticos são bons e todos os naturais são maus. Dou-vos um exemplo: a marca utiliza parabenos, porque os outros preservantes que existem não são mais seguros (pelo contrário). Não existem ainda preservantes que sejam uma alternativa mais segura que os parabenos. E os preservantes são necessários, sobretudo para todos os produtos com água, já que a água permite que as bactérias cresçam e se multipliquem. Se querem evitar produtos sintéticos de todo (e, como tal, parabenos e outros preservantes), estão no vosso direito. Mas então evitem produtos feitos com água.
Aliás, a Lush está a encontrar alternativa a produtos com água, não só para poupar água, como para poupar ingredientes. Por isso, se pertencem ao grupo acima que não quer usar sintéticos, também há opção para vocês, já que quase 70% dos produtos da marca é auto-preservante ou sem embalamento (produtos sólidos).
Deixo uma lista dos vários produtos sólidos que encontram nas lojas Lush, para perceberem que estão ANOS à frente da concorrência:
- Papel sabonete (super prático para transportar connosco sempre)
- Sabonete
- Gel de duche (tem uma textura muito semelhante à do gel de duche, quando em contacto com a água. Já experimentei um e gostei muito. Mas gasta-se mais depressa que um sabonete)
- Bomba de duche
- Hidratante
- Loção corporal
- Condicionador de corpo
- Champô
- Manteiga corporal
- Tratamento de óleo quente para cabelo
- Henna (tinta para cabelo)
- Condicionador de cabelo
- Sabonete de rosto
- Óleo facial
- Bálsamo de limpeza
- Sérum facial
- Disco de limpeza facial
- Barra para pés
- Desodorizante
- Barra de massagem
- Maquilhagem: base (38 tons), corretor, iluminador, bronzer, batom
Para terminar, deixo-vos um dos produtos que acho mais interessantes da marca: o Charity Pot.
O Charity Pot é um creme hidratante da Lush, que existe em Portugal desde 2015 e que é feito com ingredientes do Slush Fund, cujas vendas revertem a 100% (menos o IVA, que o Estado não dispensa de receber, claro, mesmo em produtos que revertem para associações sem fins lucrativos) para causas de direitos humanos, animais e ambientais. Ao comprar o Charity Pot, os clientes estão a apoiar algumas da iniciativas do Slush Fund, bem como outras campanhas e iniciativas.
O melhor: este ano (2020), passou a existir também em versão sólida! Chama-se Charity Pot Coin.
Ficaram tão fãs como eu?