O primeiro creme de dia “de crescida” que comprei, não tinha ainda 18 anos, foi da Clarins. Tenho uma história de amor (na idade dos amores) com a Clarins à custa do Éclat du Jour (o nome do creme). Foi possivelmente o creme que mais vezes re-comprei na minha vida e agora, anos mais tarde, fico quase emocionada com o que aprendi acerca do grupo Clarins, a propósito destes posts que vos prometi vir trazendo, sobre marcas de beleza mais sustentáveis. Ao estudar para um live que fiz com a Sephora na quarentena, comecei a levantar o véu sobre a sustentabilidade da marca e a ficar muito bem impressionada. Agora, depois de ter revisto praticamente tudo o que encontrei disponível na internet, só me ocorre dizer: BRAVO, Clarins!
No relatório de sustentabilidade da marca, de 2016, lê-se um excelente resumo do compromisso da Clarins. O resto, mais aprofundado, podem ler nas imagens deste post.
“Devemos o nosso sucesso à natureza: é nela que se encontram os nossos ingredientes. Ao aprendermos mais sobre plantas, aprendemos que precisamos de as proteger e ao seu ambiente. Há mais de 30 anos que percebemos a importância da biodiversidade e de ecossistemas saudáveis para os nossos ingredientes. Sabemos também que estes são fatores importantes a ter em conta no nosso packaging e, acima de tudo, percebemos como um ambiente saudável é importante para a qualidade de vida de todos. Ar puro e água limpa são bens comuns para toda a humanidade. A nossa empresa tem um papel a desempenhar para ajudar a garantir a sua preservação para as gerações futuras”.
Leiam abaixo como a Clarins promove a sustentabilidade enquanto marca (que projetos e iniciativas promove e como é a sua responsabilidade nas fábricas e escritórios) e nos seus produtos (ingredientes e packaging). Uma empresa que leva a sustentabilidade ambiental e social de mãos dadas com o sucesso económico.
Produtos – INGREDIENTES:
A Clarins dá preferência a ingredientes orgânicos, autóctones e, se os ingredientes vierem de mais longe, plantas plantadas e colhidas de acordo com práticas de comércio justo. O objetivo é, com todos os ingredientes utilizados, o de proteger os ecossistemas, capacitar comunidades locais e, acima de tudo, respeitar a biodiversidade.
Uma vez que, para criar os seus produtos, a Clarins utiliza plantas, existe um profundo respeito pelos ecossistemas que se traduz, entre muitas coisas, na utilização de toda a planta, sem desperdiçar nenhuma parte, desde talos a sementes e pétalas. A marca percebe que, para ter plantas no futuro, tem de proteger o ambiente em que as plantas crescem e ajudar as comunidades que as cultivam. Nunca são utilizadas plantas em vias de extinção e todas as plantas cultivadas são substituídas, sendo os seus ecossistemas protegidos.
Produtos – PACKAGING:
O packaging dos materiais é, segundo uma auditoria da marca feita em 2013, a maior fonte das emissões carbónicas da Clarins, representando 24% de todas as emissões geradas (impressionante, se pensarmos que, em grande parte das marcas, a maioria do impacto estará na produção e no transporte dos produtos – posso estar a ler algo errado, mas parece-me que isto significará que reduziram muito o impacto carbónico nestas duas etapas que referi). Assim, uma das prioridades atuais da marca é o eco-design no desenvolvimento de produto. Para este eco-design, são medidos uma série de indicadores para analizar e decidir com base nas emissões de CO2e, consumo de água, percentagem de material reciclado, reciclabilidade do packaging, escolha de materiais já existentes e produzidos ou novos, menos poluentes…
Marca – PROJETOS:
ALP ACTION: No início da década de 90, o grupo Clarins juntou-se à Alp Action, iniciado uma parceria de longo prazo com a associação ASTERS, para proteger a biodiversidade na região dos Alpes. Ainda com esta associação, a marca promove programas de reflorestação na China e na Amazónia.
FEED: A Clarins é, desde 2011, parceira da FEED, uma organização social com fundos redirecionados para o Programa de Alimentação das Nações Unidas, com o objetivo de acabar com a fome infantil no mundo e, através de implementar estes projetos em escolas, facultar o acesso das crianças ao ensino. Através desta parceria, já foram doadas mais de dez milhões de refeições escolares até à data.
JARDINS DU MONDE: ao lado do etnobotânico Jean-Pierre Nicolas (primeiro vencedor do prémio “Clarins Men Environment Award”, a Clarins participa na criação de jardins pedagógicos em Madagáscar e no Burkina Faso, que permitem empoderar as populações mais isoladas e pobres, garantindo a sua saúde e desenvolvimento.
PRÉMIO CLARINS: Iniciativa criada em 1997, para apoiar mulheres que se dedicam a melhorar a vida de crianças desfavorecidas. Atualmente, o prémio existe em 14 países e já foram distinguidas mais de 75 mulheres no mundo inteiro.
ÉTINCELLE E BELLE&BIEN: Com o objetivo de levar momentos de beleza, carinho e atenção às mulheres que sofrem de cancro, a Clarins apoia duas associações. Com a Étinccelle, a marca preparou cabinas de tratamento e formou esteticistas. Com a Belle&Bien, sob o patrocínio da Liga Contra o Cancro, a Clarins organiza ateliers de beleza em 22 hospitais de França para prestar apoio psicológico a mulheres que sofrem de cancro.
FUNDAÇÃO ARTHRITIS: apoiada pela marca desde 1989, a Clarins suporta na íntegra todos os custos de funcionamento da instituição, que tem como objetivo estimular investigação médica que vise melhorar a qualidade de vida dos doentes com artrite.
SOLAR IMPULSE PROJECT: o grupo Clarins realizou uma parceria com o projeto “Solar Impulse”, de Bertrand Piccard (segundo vencedor do prémio “Clarins Men Environment Award”, cujo objetivo é o de desenvolver um avião que consiga voar dia e noite utilizando exclusivamente energia solar.
PLASTIC ODYSSEY: Em 1999, ao velejar na Ásia e encontrar muito plástico nos oceanos, Christina Courtin Clarins, tomou a decisão de banir todos os sacos de plástico das lojas. É fácil perceber porque se apercebeu então o fundador do grupo Clarins pela visão da Plastic Odyssey, tendo apoiado o projeto quando ainda estava no papel, permitindo trazer ao mundo o barco-laboratório que transforma plástico em combustível. Um ano e meio depois, o projeto arrancou numa volta ao mundo e a Clarins, claro, decidiu embarcar na viagem, assinando uma parceria oficial por 5 anos.
Marca – Infraestrutura e logística:
A Clarins fez, em 2008, a primeira auditoria carbónica em França. Gradualmente, foi extendendo este trabalho a todos os seus negócios na Ásia (em 2012), Estados Unidos (2014) e Europa (2015).
Têm nas suas infraestruturas (fábricas, escritórios), ferramentas para monitorizar o consumo de água, lixo e gestão de resíduos. Os produtos são transportados do armazém de Amiens (França) quase exclusivamente por estrada ou mar. O transporte aéreo é excecional, acontecendo em menos de 2% dos produtos enviados.
O novo edifício da Clarins em Paris tem certificação HWA e BREEAM. Foram instaladas 3 colmeias no telhado, que albergam cerca de 160.000 abelhas, como forma de promover a biodiversidade na região.
E, só mesmo para rematar, deixo uma frase de Christian Courtin-Clarins (fundador do grupo), que achei a epítome do bom senso. “Os nossos ingredientes não precisam de ser todos certificados orgânicos. Em África (alguns produtores) não utilizam pesticidas. Por isso, em vez de gastar dinheiro para obter um selo de certificação orgânica, preferimos investir num poço de água para a comunidade que nos fornece esses ingredientes”.
Recordo que este conteúdo NÃO É PATROCINADO. Foi criado depois de me terem sugerido fazer uma revisão a algumas marcas mais “comuns” no mercado. As marcas foram pedidas pela comunidade e estou a apresentar os resultados daquelas com que melhor impressão fiquei.
Convido-vos a conhecer o site da marca, de onde tirei a informação.